viver é tão complexo que acho que nos perdemos dentro de becos sem saída porque nos distraímos.
às vezes, sinto isso.
e depois o sentir... sentir tanto as pessoas, a dor do mundo e as coisas boas. até essas nos fazem parar a respiração.
está a vida toda a desenhar-se e eu tenho tanta vontade de voltar aos meus 5 anos e ser assim feliz como era e pensar que os adultos eram uns sábios que nos protegiam de tudo e que estariam sempre lá para nós.
depois, começas a crescer e com o processo as normais dores que mais ninguém pode ter.
temos de abrandar o ritmo e traçar prioridades. sermos justos com os outros, mas respeitarmo-nos primeiro que tudo.
mesmo que nos demos menos aos outros, acredito que estamos a dar mais.
faço sentido?
crescer. ainda estamos a crescer. temos uma bagagem respeitável. eu tirar-lhe-ia o chapéu e dar-lhe-ia primazia, abrir-lhe-ia a porta, se necessário. sempre com um sorriso.
mas custa, porra.
ouço o meu Pai com uma serenidade a contar-me coisas da vida dele pela primeira vez.
ainda o estou a conhecer.
esteve na Revolução no Largo do Carmo há 38 anos entre tantos outros feitos. e eu questiono-me o que fiz eu de tão importante até hoje ou o que posso fazer na minha vida, no meu trilho para ser só feliz e conseguir paz.
nunca me vou preocupar com dinheiro. preocupo-me com o caminho em que por vezes temos de cavar para conseguir apenas andar um passo em frente.
fico com o peito apertado de perceber que não passo tempo suficiente com as pessoas que me dizem mais mesmo que não esteja frequentemente com elas. tenho receio que desapareçam ou que a vida se encarregue disso.
de que é que precisamos?
só de que os dias nos sejam limpos.
mais nada.
29 de abril de 2012
15 de abril de 2012
hiatus,
tendo a esquecer-me de como me faz bem ouvir a vida de alguma pessoas,
de achar e compreender que estamos enfiados num tabuleiro de xadrez e que alguém lá de cima nos comanda.
estamos num hiatus massivo e ninguém nos salva. ninguém se dá conta que só precisamos que no meio das ondas estamos a querer deixarmo-nos ir. só.
depois, desistimos ou recomeçamos. não sei que merda é que acontece quando se mergulha fundo e que nos dopa de uma forma que parece que os nossos olhos não são nossos já. vemos a vida de todos os que se cruzam connosco como se as tivéssemos vivido. dói-nos tudo e amamos tudo da mesma forma que a dor que se desenha de dentro das veias até magoar tanto tem de sair.
temos de sair daqui e não vejo nada. esqueceram-se de acender a luz e nunca dissemos que sabíamos o caminho.
penso muitas vezes nos anos em que era criança e que era genuinamente feliz. pensava que os adultos tinham um estatuto inadulterável e que só passando por metas para lá de complicadas é que eu chegaria lá. depois comecei a viver, a ver os anos a atropelarem-se em mim. a acelerar em algumas situações, a fazer um retrocesso noutras mas sempre a conseguir algum equilíbrio no meio desta confusão toda.
o que é que estamos a fazer connosco? há momentos em que tenho a certeza de que estamos na estrada certa, uma vez que as outras deixaram de se vislumbrar e então segues o que conheces.
o resto é uma valente treta. é tudo mutável.
as estações. tudo se quer rebelar e eu só me preocupo de mais ninguém se sentar no chão encostados a uma parede e calarem-se.
o que é verdadeiramente perigoso nisto que fazemos é que não aprendemos a pedir ajuda e depois atropelamos todos à nossa frente.
que não haja (mais) feridos.
de achar e compreender que estamos enfiados num tabuleiro de xadrez e que alguém lá de cima nos comanda.
estamos num hiatus massivo e ninguém nos salva. ninguém se dá conta que só precisamos que no meio das ondas estamos a querer deixarmo-nos ir. só.
depois, desistimos ou recomeçamos. não sei que merda é que acontece quando se mergulha fundo e que nos dopa de uma forma que parece que os nossos olhos não são nossos já. vemos a vida de todos os que se cruzam connosco como se as tivéssemos vivido. dói-nos tudo e amamos tudo da mesma forma que a dor que se desenha de dentro das veias até magoar tanto tem de sair.
temos de sair daqui e não vejo nada. esqueceram-se de acender a luz e nunca dissemos que sabíamos o caminho.
penso muitas vezes nos anos em que era criança e que era genuinamente feliz. pensava que os adultos tinham um estatuto inadulterável e que só passando por metas para lá de complicadas é que eu chegaria lá. depois comecei a viver, a ver os anos a atropelarem-se em mim. a acelerar em algumas situações, a fazer um retrocesso noutras mas sempre a conseguir algum equilíbrio no meio desta confusão toda.
o que é que estamos a fazer connosco? há momentos em que tenho a certeza de que estamos na estrada certa, uma vez que as outras deixaram de se vislumbrar e então segues o que conheces.
o resto é uma valente treta. é tudo mutável.
as estações. tudo se quer rebelar e eu só me preocupo de mais ninguém se sentar no chão encostados a uma parede e calarem-se.
o que é verdadeiramente perigoso nisto que fazemos é que não aprendemos a pedir ajuda e depois atropelamos todos à nossa frente.
que não haja (mais) feridos.
9 de abril de 2012
inventário,
era um mapa, se faz favor.
traga uma lanterna, uma corda e uma pá.
agradecemos o apoio, mas pode ir embora, daqui para a frente eu encarrego-me de tudo.
não pode ser de outra forma,
mas foi mesmo um prazer.
(as merdas para se fazer, fazem-se bem)
traga uma lanterna, uma corda e uma pá.
agradecemos o apoio, mas pode ir embora, daqui para a frente eu encarrego-me de tudo.
não pode ser de outra forma,
mas foi mesmo um prazer.
(as merdas para se fazer, fazem-se bem)
8 de abril de 2012
auto-qualquer-coisa no início,
lembro-me que me disseram que escrever - para os que sabem o poder que têm entre mãos - é perigoso. desde então, tenho circulado à volta desta vontade, desta necessidade.
"sem medos. mergulhemos fundo."
mas,
compreendamos que temos estado incompletos o caminho inteiro.
agora que não entrei a doer, comecemos.
uso minúsculas mesmo que o assunto seja de grande importância.
não sei nada sobre a vida e tenho um medo atroz de falhar que vou falhando massivamente enquanto tento qualquer coisa além de me empurrar.
"sem medos. mergulhemos fundo."
mas,
compreendamos que temos estado incompletos o caminho inteiro.
agora que não entrei a doer, comecemos.
uso minúsculas mesmo que o assunto seja de grande importância.
não sei nada sobre a vida e tenho um medo atroz de falhar que vou falhando massivamente enquanto tento qualquer coisa além de me empurrar.
Recuperar algo que disseste que se perdeu na zona do olhar
Ou a ilusão de que o tempo volta para trás, ou que permanece
imóvel, ou que eventualmente avança nalguma direcção.
Três anos que nada mais fazem do que um piscar o olho à
eternidade e as inúmeras vidas que neles se atravessaram – efémeras e
inconstantes, sempre em queda livre sempre em sentidos díspares. Como montanhas
de pés, uns a testar a atracção gravítica de qualquer um dos abismos da nossa
humanidade, os outros a materializar impulsos de alcançar o próximo degrau da
cadeia de produção inseparável da nossa natureza.
Todas as coisas que possuímos com o olhar. As vibrações
incessantes do tudo que nos é externo. O gajo que se atirou para a frente do
comboio, para a frente dos nossos olhos, para a frente do que está à frente e ali
permaneceu enquanto indivíduo e dali saiu cadáver. A desconhecida que disse...
de mim podes retirar qualquer resposta, qualquer reacção, qualquer
possibilidade, qualquer resposta que não seja o meu nome, qualquer reacção que
não se prolongue mais que este encontro, qualquer possibilidade excepto a de
destruir o que do futuro não nos pertence. E as outras coisas mais modestas à
primeira vista, que também marcam os seus contornos na retina dos nossos
tempos. Plantas que em segundos se tornam selvas. Vestidos que deslizam dos
ombros aos tornozelos sem necessidade de desabotoar um botão, de correr um
fecho, de puxar um único fio. Recortes de revista encaixilhados e expostos em
paredes de quarto – num momento nada mais que tentativas forçadas de procura de
novas formas de expressão artística contemporâneas, noutro dão lugar a janelas
tridimensionais para cidades impossíveis de materializar devido aos excessos de côr, de
luminosidade, de oxigénio e, como não poderia deixar de ser, de profunda e bela
humanidade.
As coisas que vamos achando, perdendo e trocando na zona do
olhar. As que os dedos anseiam por conhecer e tratar por tu. As que os lábios
procuram repetir e aperfeiçoar e aprofundar e moldar e fazer crescer e fazer
sorrir e preencher de significado e... e essas e todas as outras repetições
labiais que nada mais procuram do que a edificação de utopias em carne e osso. Enfim,
as coisas e as vidas que se limitam a passar pelos nossos olhos enquanto nos
sentamos em frente ao pano branco onde a eternidade se entretem a projectar
singularidades aleatórias.
A inocência e a consciência de tudo, essas sim, as duas verdadeiras
amantes impossíveis que os olhos não desistem de tentar conquistar e conciliar mas que, tal como
todas as amantes, vêm e partem e nada deixam na zona do olhar.
Nada se ganha, nada se recupera, tudo se limita a passar na
zona do olhar. É assim que perdemos e mantemos e acumulamos aquilo que vamos
podendo ver, com olhos que não se repetem, com imagens que não são possíveis
descrever excepto na memória, com o sentimento que é assim que temos de aceitar
a parte que nos compete nos anos que por cá passamos. E era assim que te devia
ter respondido, há três anos, há demasiadas vidas e coisas antes de ter
aprendido como me falar e de aceitar como te dizias.
Subscrever:
Mensagens (Atom)