6 de outubro de 2012


Há um barco de lágrimas à deriva, esperando uma farol que lhe mostre o caminho para terra. As ondas parecem nem tocá-lo e ele como que flutua numa espécie de limbo eterno. O farol escondeu-se que não quer encontrar este barco. Fazer isso seria sinónimo de o trazer perto de si. Se o barco chegar não perderá a luz o seu brilho, pensa o farol debatendo-se com a obrigação de cumprir um dever. Os peixes olham o barco à maneira de quem escuta um sermão e também eles não ousam aproximar-se. Nunca antes tinham vistos estes estranhos seres que habitavam o barco. Estaria então o barco fadado a andar à deriva ad eternum? 

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