Há, entre os planos, uma linha vazia
Desenha-se de forma inusitada
Quase não a percebia
Que bem fica assim atada
Os planos não se tocam
A linha não permite veleidades
De se olhar não deixam
Interrogam-se sobre as idades
O que aconteceria se se tocassem
Se pudessem dissipar a curiosidade
Não deixes que passem
Cairia o carmo e a trindade
Crescerá para sempre a linha
Ou triunfará a vontade deles?
Será que um dia definha,
Ou desistirão eles?
Um cravo na lapela, parece que espreita de uma janela. Faz
lembrar a menina que o futuro não quer dela, o sol pintado de vermelho na tela
e o céu azul aguarela. De trela ao pescoço vem o cão e o moço, de ofegante
nota-se-lhe o esforço e o polícia ao balcão a comer o tremoço. Troça o polícia,
ladra o cão e o cinzento das nuvens esconde o céu e o sol. A menina perdeu o
futuro e da janela já ninguém espreita. Ficou o cravo, caído da lapela para o
chão.
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