13 de novembro de 2012

raiz


é como sempre um convite isto.

com honestidade mas com toda a agressividade se se justificar e permitam-me que o modo como se mede o quer quer que seja que está definível deste lado da janela.

adianto que apesar de não haver portas nesta casa sem tecto, ninguém se atreve a entrar.

mas voltemos ao que vos prende aqui. dizia eu que as cordas que nos apertam não estão ao alcance de todos desenlaçar, cortar, queimar ou até mesmo reforçar, se for o caso.

face a isto e ao que há-de surgir, apraz-me informar que eu já sei nadar.

14 de outubro de 2012

Um dia de atraso por razões nada platónicas...

Quero dar os parabéns a este blog e a estas pessoas maravilhosas que o fizeram acontecer.  É verdade que tudo começou por uma feliz coincidência de duas pessoas ocuparem o mesmo espaço à mesma hora e com as mesmas felizes ideias germinando nas suas cabeças. Felicito essas duas cabeças e as que lhes seguiram e espero que possamos continuar este singelo trabalho por muitos e muitos anos!!! Parabéns

12 de outubro de 2012

7 years ago

It was 7 years ago that a very specific meeting between 2 friends happened. It was 7 years ago that started the pleasure of  creating a dream that never became real but that, in fact,  it was the most pleasant dream I ever lived.  The celebration of something that we didnt forget and the celebration of something that was created by us. Something that had a meaning. It was a search that gave us purpose, that gave us a mission. We are celebrating something that became independent, that has its own inteligence and its own survival instinct.

Yes, it was exactly 7 years ago that all of that started. It raised itself, it multiplied itself, it developed to something that was beautiful, and most of all, it became something that never stopped to exist. Probably now you would tell me that it is something that doesnt have any sense to have its own existence anymore. Still, it is something that I want to keep it alive in our memories. Its not just something that I just simply want.......... I need it. Its one small reason to look back and to realize that in fact I was able to create something. We all created it. That meeting that happened between 2 friends, 7 years ago was just the very begining of something that you all raised it to the sky.
You have to admit, that the idea was a great idea, and that the paths that we all crossed together had very special and peculiar moments. It gave us a reason to be connected forever. You know that even if we see each others just in 40 years, you will remember what was the issue that I am writting here and that started 7 years ago.


Someone asked me today, who are the people behind it at the moment and who is in charge of it. I expressed a smile (a very nostalgic smile while I was lighting my cigarette) and I had to explain that there is nobody behind it or in charge of it anymore. It became free...it became independent......it became a feeling.

I started this celebration yesterday evening, because of a personal reason that driven my way to that meeting. Tomorrow (13-10-2012) remember this special feeling that we created, remember it because it never stops, and it will never stop.......The Movimento M will always be in our memories and in our hearts.


Happy birthday Movimento M.

6 de outubro de 2012


Há um barco de lágrimas à deriva, esperando uma farol que lhe mostre o caminho para terra. As ondas parecem nem tocá-lo e ele como que flutua numa espécie de limbo eterno. O farol escondeu-se que não quer encontrar este barco. Fazer isso seria sinónimo de o trazer perto de si. Se o barco chegar não perderá a luz o seu brilho, pensa o farol debatendo-se com a obrigação de cumprir um dever. Os peixes olham o barco à maneira de quem escuta um sermão e também eles não ousam aproximar-se. Nunca antes tinham vistos estes estranhos seres que habitavam o barco. Estaria então o barco fadado a andar à deriva ad eternum? 

imbecilidades desconexas


Há, entre os planos, uma linha vazia
Desenha-se de forma inusitada
Quase não a percebia
Que bem fica assim atada

Os planos não se tocam
A linha não permite veleidades
De se olhar não deixam
Interrogam-se sobre as idades

O que aconteceria se se tocassem
Se pudessem dissipar a curiosidade
Não deixes que passem
Cairia o carmo e a trindade

Crescerá para sempre a linha
Ou triunfará a vontade deles?
Será que um dia definha,
Ou desistirão eles?

Um cravo na lapela, parece que espreita de uma janela. Faz lembrar a menina que o futuro não quer dela, o sol pintado de vermelho na tela e o céu azul aguarela. De trela ao pescoço vem o cão e o moço, de ofegante nota-se-lhe o esforço e o polícia ao balcão a comer o tremoço. Troça o polícia, ladra o cão e o cinzento das nuvens esconde o céu e o sol. A menina perdeu o futuro e da janela já ninguém espreita. Ficou o cravo, caído da lapela para o chão.

Um viajante...


Entrara como se vento fosse e passou por mim sem que desse por ele. Era assim o velho coronel, acostumara-se a ser furtivo nos seus tempos de guerra e não gostava que ninguém desse conta de quando entrava e saía. O que fazia no seu quarto, até hoje o não sei, apenas que por lá permanecia durante horas a fio e nem um pio se ouvia. Assim que o sino da igreja dava as seis horas voltava a sair da mesma forma como entrara, veloz e sorrateiro. Um certo dia tentei segui-lo à distância para perceber o que aquele velho tanto tentava esconder. Esperei fora da casa pelo sino que dava as seis horas. À hora marcada, lá saiu o coronel, com um passo tão vagaroso que me parecia surreal que pudesse passar por mim todos os dias sem que desse por isso. Encetei a marcha, tentei ser um com a natureza e cada passo que dava coincidia com o assobiar do vento. Consegui segui-lo sem problemas durante os primeiros duzentos metros, até à enorme praça da cidade. Chegado à praça começou a agir de forma peculiar, quase como se soubesse que estava a ser seguido, ainda que até hoje tenho a certeza que nunca deu pela minha presença; olhava para todos os lados excepto para o meu. Parou em tudo o que era loja para ficar a admirar o seu recheio, ainda que o recheio de algumas dessas lojas fosse tão inadequado como uma de lingerie, na qual tomou largos minutos contemplando, quase como se estivesse a ler um jornal desportivo.
                Assim que estávamos prestes a deixar a praça, e eu a descobrir o caminho que tomava, desapareceu. Sim, como o fumo da chávena de café desaparece assim que atinge certa altura. Não digo que fosse magia ou que o coronel fosse qualquer espécie de bruxo, mas esta verdade que conto é a mais pura delas. Percorri toda a praça, todos os caixotes, revirei-os. Entrei em todas as lojas, em todas as lojas perguntei se o tinham visto. Em todas elas a mesma estranha resposta: “Não sei de quem fala senhor, por cá não passa nenhum simples militar quanto mais um velho coronel”. Pensei para comigo que seria apenas coincidência, que não o viam porque simplesmente não era hábito seu olharem para a rua procurando mirones, daqueles que olham interminavelmente para no fim nada comprarem ou sequer entrarem na loja. Continuei a minha busca, desta feita percorri todos os caminhos que ligavam à praça, pesquisando qualquer possível pista dele, mas nada. Três horas volvidas, voltei para casa, o coronel estava novamente no seu quarto. Ao ouvir o ranger da porta de entrada, saiu do seu quarto e perguntou-me onde havia estado, fazia horas que me procurava e não me encontrava. Queria o seu leite com chá; hábito adquirido com um seu velho amigo 

29 de abril de 2012

um ponto final nunca permanece totalmente sereno

viver é tão complexo que acho que nos perdemos dentro de becos sem saída porque nos distraímos.
às vezes, sinto isso.

e depois o sentir... sentir tanto as pessoas, a dor do mundo e as coisas boas. até essas nos fazem parar a respiração.

está a vida toda a desenhar-se e eu tenho tanta vontade de voltar aos meus 5 anos e ser assim feliz como era e pensar que os adultos eram uns sábios que nos protegiam de tudo e que estariam sempre lá para nós.

depois, começas a crescer e com o processo as normais dores que mais ninguém pode ter.

temos de abrandar o ritmo e traçar prioridades. sermos justos com os outros, mas respeitarmo-nos primeiro que tudo.
mesmo que nos demos menos aos outros, acredito que estamos a dar mais.


faço sentido?

crescer. ainda estamos a crescer. temos uma bagagem respeitável. eu tirar-lhe-ia o chapéu e dar-lhe-ia primazia, abrir-lhe-ia a porta, se necessário. sempre com um sorriso.
mas custa, porra.

ouço o meu Pai com uma serenidade a contar-me coisas da vida dele pela primeira vez.
ainda o estou a conhecer.
esteve na Revolução no Largo do Carmo há 38 anos entre tantos outros feitos. e eu questiono-me o que fiz eu de tão importante até hoje ou o que posso fazer na minha vida, no meu trilho para ser só feliz e conseguir paz.

nunca me vou preocupar com dinheiro. preocupo-me com o caminho em que por vezes temos de cavar para conseguir apenas andar um passo em frente.

fico com o peito apertado de perceber que não passo tempo suficiente com as pessoas que me dizem mais mesmo que não esteja frequentemente com elas. tenho receio que desapareçam ou que a vida se encarregue disso.


de que é que precisamos?


só de que os dias nos sejam limpos.

mais nada.

15 de abril de 2012

hiatus,

tendo a esquecer-me de como me faz bem ouvir a vida de alguma pessoas,
de achar e compreender que estamos enfiados num tabuleiro de xadrez e que alguém lá de cima nos comanda.

estamos num hiatus massivo e ninguém nos salva. ninguém se dá conta que só precisamos que no meio das ondas estamos a querer deixarmo-nos ir. só.

depois, desistimos ou recomeçamos. não sei que merda é que acontece quando se mergulha fundo e que nos dopa de uma forma que parece que os nossos olhos não são nossos já. vemos a vida de todos os que se cruzam connosco como se as tivéssemos vivido. dói-nos tudo e amamos tudo da mesma forma que a dor que se desenha de dentro das veias até magoar tanto tem de sair.

temos de sair daqui e não vejo nada. esqueceram-se de acender a luz e nunca dissemos que sabíamos o caminho.

penso muitas vezes nos anos em que era criança e que era genuinamente feliz. pensava que os adultos tinham um estatuto inadulterável e que só passando por metas para lá de complicadas é que eu chegaria lá. depois comecei a viver, a ver os anos a atropelarem-se em mim. a acelerar em algumas situações, a fazer um retrocesso noutras mas sempre a conseguir algum equilíbrio no meio desta confusão toda.

o que é que estamos a fazer connosco? há momentos em que tenho a certeza de que estamos na estrada certa, uma vez que as outras deixaram de se vislumbrar e então segues o que conheces.

o resto é uma valente treta. é tudo mutável.

as estações. tudo se quer rebelar e eu só me preocupo de mais ninguém se sentar no chão encostados a uma parede e calarem-se.

o que é verdadeiramente perigoso nisto que fazemos é que não aprendemos a pedir ajuda e depois atropelamos todos à nossa frente.

que não haja (mais) feridos.

9 de abril de 2012

inventário,

era um mapa, se faz favor.

traga uma lanterna, uma corda e uma pá.

agradecemos o apoio, mas pode ir embora, daqui para a frente eu encarrego-me de tudo.

não pode ser de outra forma,

mas foi mesmo um prazer.


(as merdas para se fazer, fazem-se bem)

8 de abril de 2012

auto-qualquer-coisa no início,

lembro-me que me disseram que escrever - para os que sabem o poder que têm entre mãos - é perigoso. desde então, tenho circulado à volta desta vontade, desta necessidade.

"sem medos. mergulhemos fundo."

mas,

compreendamos que temos estado incompletos o caminho inteiro.
agora que não entrei a doer, comecemos.

uso minúsculas mesmo que o assunto seja de grande importância.
não sei nada sobre a vida e tenho um medo atroz de falhar que vou falhando massivamente enquanto tento qualquer coisa além de me empurrar.

Recuperar algo que disseste que se perdeu na zona do olhar

Ou a ilusão de que o tempo volta para trás, ou que permanece imóvel, ou que eventualmente avança nalguma direcção.

Três anos que nada mais fazem do que um piscar o olho à eternidade e as inúmeras vidas que neles se atravessaram – efémeras e inconstantes, sempre em queda livre sempre em sentidos díspares. Como montanhas de pés, uns a testar a atracção gravítica de qualquer um dos abismos da nossa humanidade, os outros a materializar impulsos de alcançar o próximo degrau da cadeia de produção inseparável da nossa natureza.

Todas as coisas que possuímos com o olhar. As vibrações incessantes do tudo que nos é externo. O gajo que se atirou para a frente do comboio, para a frente dos nossos olhos, para a frente do que está à frente e ali permaneceu enquanto indivíduo e dali saiu cadáver. A desconhecida que disse... de mim podes retirar qualquer resposta, qualquer reacção, qualquer possibilidade, qualquer resposta que não seja o meu nome, qualquer reacção que não se prolongue mais que este encontro, qualquer possibilidade excepto a de destruir o que do futuro não nos pertence. E as outras coisas mais modestas à primeira vista, que também marcam os seus contornos na retina dos nossos tempos. Plantas que em segundos se tornam selvas. Vestidos que deslizam dos ombros aos tornozelos sem necessidade de desabotoar um botão, de correr um fecho, de puxar um único fio. Recortes de revista encaixilhados e expostos em paredes de quarto – num momento nada mais que tentativas forçadas de procura de novas formas de expressão artística contemporâneas, noutro dão lugar a janelas tridimensionais para cidades impossíveis  de materializar devido aos excessos de côr, de luminosidade, de oxigénio e, como não poderia deixar de ser, de profunda e bela humanidade.

As coisas que vamos achando, perdendo e trocando na zona do olhar. As que os dedos anseiam por conhecer e tratar por tu. As que os lábios procuram repetir e aperfeiçoar e aprofundar e moldar e fazer crescer e fazer sorrir e preencher de significado e... e essas e todas as outras repetições labiais que nada mais procuram do que a edificação de utopias em carne e osso. Enfim, as coisas e as vidas que se limitam a passar pelos nossos olhos enquanto nos sentamos em frente ao pano branco onde a eternidade se entretem a projectar singularidades aleatórias.

A inocência e a consciência de tudo, essas sim, as duas verdadeiras amantes impossíveis que os olhos não desistem de tentar conquistar e conciliar mas que, tal como todas as amantes, vêm e partem e nada deixam na zona do olhar.

Nada se ganha, nada se recupera, tudo se limita a passar na zona do olhar. É assim que perdemos e mantemos e acumulamos aquilo que vamos podendo ver, com olhos que não se repetem, com imagens que não são possíveis descrever excepto na memória, com o sentimento que é assim que temos de aceitar a parte que nos compete nos anos que por cá passamos. E era assim que te devia ter respondido, há três anos, há demasiadas vidas e coisas antes de ter aprendido como me falar e de aceitar como te dizias.